16 de jun. de 2012

ACERVO: JOÃO CÂNDIDO

Há poucos meses chegou em nossa escola um pacote com o Almanaque Histórico em homenagem a João Cândido. Esse almanaque é parte do Projeto Memória da Fundação do Banco do Brasil - banco público brasileiro - e traz pela primeira vez um personagem negro, buscando a preservação da memória cultural brasileira.  


Almanaque, DVD, Guia do professor e Cartaz

O material é rico e destinado aos professores, que buscando abarcar áreas como as Ciências Humanas, Ciências Naturais e Comunicações, sugere encaminhamentos de trabalho a partir dos temas: direito à diversidade, direito ao trabalho, direito à vida saudável e direito à cultura. Segundo o próprio almanaque: 
"Relembrar hoje João Cândido e seus companheiros significa compreender que seus gestos apontam problemas ainda inquietantes para a sociedade brasileira: o racismo, a desigualdade social, a violência cotidiana do Estado sobre as camadas pobres da população e a democratização das forças armadas - sem esquecer o mito de que existe uma tradição ordeira e pacífica na história do Brasil. A vida de João Cândido traz lições que nos ajudam a superar um passado sofrido em busca de um futuro mais alegre e justo".
Esse material está disponível na biblioteca do professor do CE PAPA JOÃO PAULO I e também em dois links abaixo em versão PDF - do almanaque e do guia do professor. Essa é mais uma rica possibilidade de trato positivo com a história de resistência do povo negro em nosso país. É um exemplo de como devemos abordar essas questões em sala de aula. Bom proveito e boas aulas!


MAS QUEM FOI JOÃO CÂNDIDO?

A Revolta da Chibata ocorreu em unidades da Marinha de Guerra brasileira baseadas no Rio de Janeiro, em novembro de 1910. Os marinheiros tomaram os principais navios da Armada, em protesto contra suas condições de trabalho, os alimentos estragados que lhes eram oferecidos, os trabalhos pesados que lhes eram impostos e principalmente o costume degradante da do castigo da chibata, herança da escravidão. Na época, a Marinha brasileira estava dentre as mais fortes do mundo. Já o tratamento dos marinheiros repetia as piores tradições. João Cândido, filho de escravos, liderou a revolta pela dignidade humana em nossa Marinha e em nosso país.

Os marinheiros tinham contato com o movimento operário e os partidos marxistas da Europa, onde iam acompanhar as fases finais de construção dos navios adquiridos pela Marinha de Guerra. O próprio João Cândido, como marinheiro de 1ª classe, seguiu para a Europa, onde assistiu ao final da construção do encouraçado Minas Gerais. Assim, a rebelião foi cuidadosamente preparada, inclusive com comitês clandestinos.

A revolta teve início na madrugada de 23 de novembro de 1910, em resposta ao castigo de 250 chibatadas sofrido pelo marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes. Sob o comando de João Cândido, amotinaram-se as tripulações dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo e também dos cruzadores Barroso e Bahia, reunindo mais de dois mil revoltosos.

A cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, foi mantida por cinco dias sob a mira de canhões. João Cândido recebeu então o apelido de “o Almirante Negro”, pela maestria com que comandou a frota em evoluções depa Baía da Guanabara.

O então presidente da República, Hermes da Fonseca, não encontrou saída que não fosse ceder às exigências dos marinheiros. “No dia 25 de novembro, o Congresso, apressadamente, aprovou as reivindicações dos marujos, incluindo a anistia. João Cândido, confiando nessa decisão, resolveu encerrar a rebelião, recolhendo as bandeiras vermelhas dos mastros”, conta o autor da proposta.

Três dias depois, porém, veio a traição. O então ministro da Marinha determinou a expulsão dos líderes do movimento. Os marinheiros tentaram reagir, mas o governo lançou violenta repressão que culminou com dezenas de mortes, centenas de deportações e a prisão de João Cândido. “O Almirante Negro” foi colocado numa masmorra da Ilha das Cobras de onde foi o único a sair vivo, de 18 marinheiros.

Solto anos depois, João Cândido passou a viver como vendedor de peixes na Praça Quinze, Rio de Janeiro. “Morreu em 1969, sem patente e na miséria. Agora é hora de a nação honrá-lo, inscrevendo seu nome no livro dos heróis da pátria”. Com informações de "brasilcultura.com.br".

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